Israel: Benjamin Netanyahu e a oposição formam governo de emergência até o fim da guerra
3 minutos de lecturaA nova coalizão só poderá tomar decisões relacionadas à guerra – não poderá discutir novas leis nem nomear integrantes do gabinete.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e a oposição se uniram em um governo de emergência e na criação de um gabinete de guerra em Israel.
O governo de emergência entra em vigor imediatamente. O ex-comandante das Forças Armadas e ex-ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, antigo rival do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aceitou fazer parte do novo Gabinete de Segurança. Ele conduzirá as operações de guerra junto com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e de Netanyahu.
Nos últimos anos, Benny Gantz se tornou cada vez mais crítico de Netanyahu por causa das alianças com a extrema-direita e dos escândalos de corrupção. Ao anunciar o acordo, Benjamin Netanyahu disse:
“Esta noite, criamos um governo nacional de emergência. Israel está unido e, a partir de hoje, seus líderes também estão unidos. Deixamos de lado as divergências, porque o destino do nosso país está em jogo”, afirmou Netanyahu.»
A nova coalizão só poderá tomar decisões relacionadas à guerra – não poderá discutir novas leis nem nomear integrantes do gabinete. O acordo anunciado nesta quarta-feira (11) não apaga as diferenças políticas entre os partidos israelenses, nem melhora a situação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que estava enfraquecido antes do início da guerra.
O apelido de “Bibi” sugere um líder querido pelos eleitores. Mas a popularidade de Benjamin Netanyahu foi seriamente abalada depois que ele propôs – e o Parlamento aprovou – uma reforma no Judiciário que dá ao primeiro-ministro o poder de reverter decisões da Suprema Corte. Milhares de israelenses protestaram semanalmente contra a reforma desde o início de 2023. Muitos acusaram Netanyahu de querer mudar a lei para escapar de três processos de corrupção contra ele na Justiça.
A reforma dá ao Parlamento poder para anular decisões da Justiça. O professor de Direito Amos Guiora, da Universidade de Utah, diz que a reforma ameaça a democracia israelense.
“Democracia prevê duas coisas: a separação de Poderes e o sistema de freios e contrapesos. E enfraquecer o Judiciário transformaria Israel em um híbrido de uma democracia com uma ditadura”, afirma.
Benjamin Netanyahu é o primeiro-ministro há mais tempo no poder; está no sexto mandato. Para voltar ao poder, buscou o apoio de seis partidos, incluindo legendas de extrema direita e ultraortodoxos, e formou o governo mais conservador e religioso da história de Israel.
Os ministros são conhecidos por ataques à comunidade árabe, à comunidade LGBTQIA+, à liberdade religiosa e questionam até quem pode se considerar judeu. A maioria dos aliados de Benjamin Netanyahu defende a expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia, no território palestino.
O professor Guiora considera que não há como apagar a falha do atual governo em não se antecipar o ataque terrorista do Hamas.
“Os ataques do Hamas foram atrozes, ponto. Mas Netanyahu errou ao deslocar tropas para Cisjordânia, ao se aliar à extrema direita, racistas e fascistas, abandonar os israelenses do sul do país e formar um governo que não funciona», diz.