Biden tenta reviver o «Quad», aliança com Índia, Japão e Austrália
3 minutos de lecturaO presidente americano, Joe Biden, continua mexendo as fichas na região do Indo-Pacífico ao receber nesta sexta-feira, 24, os primeiros-ministros de Índia, Japão e Austrália, após anunciar na semana passada uma espetacular aliança militar entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido.
Biden, que quer conter a influência crescente da China, pretende reviver o «Diálogo de Segurança Quadrilateral».
O também chamado «Quad» foi esboçado depois do tsunami devastador de 2004 e formalizado em 2007, mas está inativo há muito tempo.
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Depois de uma cúpula virtual em março, Biden volta a reuni-lo de forma presencial e em alto nível.
Os convidados são Scott Morrison (Austrália), com quem Biden já tinha se reunido presencialmente nesta semana, Narendra Modi (Índia) e Yoshihide Suga (Japão), com os quais também mantém diálogos bilaterais nesta sexta.
Juntamente com o primeiro-ministro indiano, no Salão Oval, Biden descreveu o programa do dia: «Hoje vamos falar sobre o que mais podemos fazer para combater a covid-19, enfrentar os desafios climáticos e garantir a estabilidade da região do Indo-Pacífico».
«Guinada para a Ásia»
Ao reativar o «Quad», Biden está de alguma forma buscando a «guinada para a Ásia» da política externa americana, um objetivo acalentado pelo ex-presidente Barack Obama (2009-2017).
Mas depois do anúncio do Aukus, como é conhecido o acordo com o Reino Unido e a Austrália — e do seu contrato de submarinos de propulsão nuclear que enfureceu a França —, Washington quer apresentar o «Quad» sob uma luz de consenso.
É um cenáculo «informal» e «íntimo», destinado a «desenvolver melhores canais de comunicação», disseram altos funcionários da Casa Branca a jornalistas.
Não há um objetivo «militar», insistiram, assegurando que o «Quad» seria «complementar» a outras iniciativas regionais, em resposta a uma pergunta sobre sua articulação com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Alguns membros desta organização, integrado por Malásia, Indonésia, Brunei, Vietnã, Camboja, Laos, Mianmar, Singapura, Tailândia e Filipinas, temem que a ofensiva americana na região leve a uma escalada com a China.
Segundo altos funcionários, a previsão é que o «Quad» insista nesta sexta sobretudo em projetos econômicos, ambientais e no combate à pandemia.
Os quatro sócios querem lançar uma iniciativa para proteger o abastecimento de semicondutores, componentes eletrônicos indispensáveis tanto para máquinas de lavar quanto para aviões ou smartphones, e que indústrias de todo o mundo têm enfrentado dificuldades para conseguir.
Também preveem falar sobre a tecnologia 5G, cibersegurança, intercâmbios universitários, projetos espaciais, pesca e vacinas.
«Para Washington, o desafio é superar o paradigma da segurança e melhorar a posição econômica dos Estados Unidos no sudeste da Ásia», disse Jonathan Stromseth, especialista na região, em nota publicada pelo centro de pesquisas Brookings Institution.
Stromseth avaliou que o esforço para reanimar o «Quad» é «emblemático» da «abordagem da administração Biden frente à China, apresentada como competitiva quando for preciso, cooperativa quando possível e de confronto quando necessário».
O presidente democrata mantém perante a China uma linha mais dura, mais ou menos como a de seu antecessor, o republicano Donald Trump, mas lida com o enfrentamento com Pequim de outra forma.
Biden, que tenta superar o confronto cara a cara entre as duas superpotências, espera reativar o jogo de alianças e incentivar os parceiros tradicionais dos Estados Unidos a tomar posições francas frente à China.