24/11/2024

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Busca por desaparecidos, bebês em bunker e apreensão: as cidades israelenses atacadas pelo Hamas três semanas depois

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O documentarista brasileiro Gabriel Chaim percorreu cidades israelenses perto da fronteira com Gaza e relata a tensão por novos ataques do Hamas. Voluntários e militares visitam regiões atacas pelo Hamas em Israel Três semanas depois dos ataques do Hamas, parentes e amigos sofrem com a falta de informação dos desaparecidos em Israel. Em reportagem especial para o Fantástico, o fotógrafo documentarista Gabriel Chaim acompanhou o trabalho de militares que visitaram os locais atingidos pelos terroristas. O Kibutz Be'eri fica no Sul de Israel, a apenas oito quilômetros da fronteira de Gaza, foi destruído pela guerra. Por lá, viviam cerca de 1.100 pessoas antes dos ataques do Hamas e o local era conhecido pela produção artesanal e pelas ruas tranquilas, com parques e brinquedos para as crianças. Kibutz Be'eri fica no Sul de Israel, a apenas oito quilômetros da fronteira de Gaza, foi destruído pela guerra TV Globo/Reprodução Hoje, só dá para ver os destroços. Algumas casas nem existem mais e quase tudo foi ao chão. Ao todo, segundo as estimativas do governo de Israel, 130 pessoas morreram no ataque do dia 7 de outubro. Agora, voluntários procuram por informações dos moradores que estão desaparecidos. São pessoas que se arriscam em lugares onde ainda se ouve o intenso barulho de aviões e bombas por perto. Uma das netas dos fundadores do kibutz vive a espera de notícias dos parentes. A mulher de 34 anos está grávida e conta como foi a última conversa com os pais, no dia do ataque. Uma das netas dos fundadores do kibutz fala sobre a apreensão por novas notícias de parentes desaparecidos. TV Globo/Reprodução “Meu irmão estava ligando para os nossos pais, até que minha mãe atendeu e ela sussurrou que eles estavam escondidos num abrigo, ouvindo tiros o tempo todo. Cerca de uma hora depois eu recebi uma mensagem dizendo que eles nos amavam. E essa foi a última notícia que eu tive deles”, conta. Ela já sabe que o pai foi assassinado pelos terroristas, mas acredita que oito parentes ainda estão sequestrados em Gaza, incluindo a mãe dela, tios e sobrinhos. “Eu não entendo nada de táticas de guerra, mas eu espero que tudo esteja sendo feito para resgatar meus parentes o mais rápido possível”, completa. Na tarde deste domingo (29), centenas de pessoas se despediram de um casal que vivia em Be'eri. Entre as homenagens, flores e um mural com fotos de momentos antes da guerra. Eles não puderam ser enterrados onde viviam porque o local está isolado. Por isso, o funeral teve que ser em um kibutz que fica no mediterrâneo, há 80 quilômetros de Be'eri. Centenas de pessoas se despediram de um casal que vivia em Be'eri. TV Globo/Reprodução LEIA TAMBÉM: VÍDEO: Sirenes tocam perto de hospital em Israel onde bunker foi transformado em UTI neonatal VÍDEO: Repórter brasileiro busca abrigo para se proteger de ataque aéreo enquanto mostrava destroços de Kibutz destruído em Israel Equipes de busca Acompanhado de militares do Exército de Israel, Gabriel Chaim visitou outra área destruída pelos terroristas. É o Kibutz de Kfar Aza, de onde é possível ver a fronteira de Gaza. Por lá, cerca de 10% dos moradores foram mortos ou sequestrados, segundo as Forças de Defesa de Israel. Quem comanda a operação nessa região é o coronel Golan Vach, que há 31 anos dedica a vida ao Exército israelense e gerencia missões de busca, como no terremoto da Turquia, em fevereiro deste ano, e aqui no Brasil, na tragédia de Brumadinho. Coronel particiou de buscas em Brumadinho (MG). TV Globo/Reprodução O coronel estava entre os 136 militares que trouxeram mais de 16 toneladas de equipamentos especiais para Minas Gerais, em janeiro de 2019. A tecnologia de Israel prometia ajudar a localizar os corpos de pessoas que estavam debaixo da lama de minério, depois do rompimento da barragem da Vale. Eles ficaram cinco dias no Brasil Mesmo com toda a experiência em operações humanitárias, o militar se impressionou com a violência dos ataques. “Eu estive em muitos lugares que sofreram com terremotos, furacões, ataques terroristas e eu nunca vi nada como o que eu vi agora...é algo que eu nunca pensei em enfrentar”, relatou. Mais ao norte de Gaza, a cidade de Ashkelon tinha 130 mil moradores. Desde que começaram os ataques, números do governo de Israel indicam que 30 mil pessoas abandonaram suas casas. E é nessa localidade que funciona o hospital mais perto do norte de Gaza, a 10 quilômetros da fronteira. Por lá, ficaram apenas os reféns mais graves e uma unidade neonatal foi montada dentro de um bunker. A maioria é de bebês que nasceram prematuros na semana dos ataques e que precisam de cuidados especiais. Por lá, trabalham lado a lado palestinos e israelenses. “Você pode ver aqui na nossa emergência, médicos judeus, árabes e palestinos, trabalhando juntos para salvar vidas e cuidar de pacientes. Nós somos profissionais. Quem nos procurar vai receber atendimento”, conta o médico-chefe do hospital. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. 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O documentarista brasileiro Gabriel Chaim percorreu cidades israelenses perto da fronteira com Gaza e relata a tensão por novos ataques do Hamas.

Três semanas depois dos ataques do Hamas, parentes e amigos sofrem com a falta de informação dos desaparecidos em Israel. Em reportagem especial para o Fantástico, o fotógrafo documentarista Gabriel Chaim acompanhou o trabalho de militares que visitaram os locais atingidos pelos terroristas.

O Kibutz Be’eri fica no Sul de Israel, a apenas oito quilômetros da fronteira de Gaza, foi destruído pela guerra. Por lá, viviam cerca de 1.100 pessoas antes dos ataques do Hamas e o local era conhecido pela produção artesanal e pelas ruas tranquilas, com parques e brinquedos para as crianças.

Hoje, só dá para ver os destroços. Algumas casas nem existem mais e quase tudo foi ao chão. Ao todo, segundo as estimativas do governo de Israel, 130 pessoas morreram no ataque do dia 7 de outubro.

Agora, voluntários procuram por informações dos moradores que estão desaparecidos. São pessoas que se arriscam em lugares onde ainda se ouve o intenso barulho de aviões e bombas por perto.

Uma das netas dos fundadores do kibutz vive a espera de notícias dos parentes. A mulher de 34 anos está grávida e conta como foi a última conversa com os pais, no dia do ataque.

“Meu irmão estava ligando para os nossos pais, até que minha mãe atendeu e ela sussurrou que eles estavam escondidos num abrigo, ouvindo tiros o tempo todo. Cerca de uma hora depois eu recebi uma mensagem dizendo que eles nos amavam. E essa foi a última notícia que eu tive deles”, conta.

 

Ela já sabe que o pai foi assassinado pelos terroristas, mas acredita que oito parentes ainda estão sequestrados em Gaza, incluindo a mãe dela, tios e sobrinhos.

“Eu não entendo nada de táticas de guerra, mas eu espero que tudo esteja sendo feito para resgatar meus parentes o mais rápido possível”, completa.

 

Na tarde deste domingo (29), centenas de pessoas se despediram de um casal que vivia em Be’eri. Entre as homenagens, flores e um mural com fotos de momentos antes da guerra. Eles não puderam ser enterrados onde viviam porque o local está isolado. Por isso, o funeral teve que ser em um kibutz que fica no mediterrâneo, há 80 quilômetros de Be’eri.

Centenas de pessoas se despediram de um casal que vivia em Be'eri. — Foto: TV Globo/Reprodução

Centenas de pessoas se despediram de um casal que vivia em Be’eri. — Foto: TV Globo/Reprodução

Equipes de busca

 

Acompanhado de militares do Exército de Israel, Gabriel Chaim visitou outra área destruída pelos terroristas. É o Kibutz de Kfar Aza, de onde é possível ver a fronteira de Gaza. Por lá, cerca de 10% dos moradores foram mortos ou sequestrados, segundo as Forças de Defesa de Israel.

Quem comanda a operação nessa região é o coronel Golan Vach, que há 31 anos dedica a vida ao Exército israelense e gerencia missões de busca, como no terremoto da Turquia, em fevereiro deste ano, e aqui no Brasil, na tragédia de Brumadinho.

Coronel particiou de buscas em Brumadinho (MG). — Foto: TV Globo/Reprodução

Coronel particiou de buscas em Brumadinho (MG). — Foto: TV Globo/Reprodução

O coronel estava entre os 136 militares que trouxeram mais de 16 toneladas de equipamentos especiais para Minas Gerais, em janeiro de 2019. A tecnologia de Israel prometia ajudar a localizar os corpos de pessoas que estavam debaixo da lama de minério, depois do rompimento da barragem da Vale. Eles ficaram cinco dias no Brasil

Mesmo com toda a experiência em operações humanitárias, o militar se impressionou com a violência dos ataques.

“Eu estive em muitos lugares que sofreram com terremotos, furacões, ataques terroristas e eu nunca vi nada como o que eu vi agora…é algo que eu nunca pensei em enfrentar”, relatou.

 

Mais ao norte de Gaza, a cidade de Ashkelon tinha 130 mil moradores. Desde que começaram os ataques, números do governo de Israel indicam que 30 mil pessoas abandonaram suas casas.

E é nessa localidade que funciona o hospital mais perto do norte de Gaza, a 10 quilômetros da fronteira. Por lá, ficaram apenas os reféns mais graves e uma unidade neonatal foi montada dentro de um bunker.

A maioria é de bebês que nasceram prematuros na semana dos ataques e que precisam de cuidados especiais. Por lá, trabalham lado a lado palestinos e israelenses.

“Você pode ver aqui na nossa emergência, médicos judeus, árabes e palestinos, trabalhando juntos para salvar vidas e cuidar de pacientes. Nós somos profissionais. Quem nos procurar vai receber atendimento”, conta o médico-chefe do hospital.